Qual é a letra mais apropriada para se ensinar a ler e escrever no 1º ano do ensino fundamental ? Letra de forma ou letra cursiva?
Qual é a letra mais apropriada para se ensinar a
ler e escrever no 1º ano do ensino fundamental ?
É importante que na educação infantil e no 1º
ano do ensino Fundamental se escreva com a letra de forma ou imprensa
maiúscula, pois as crianças na educação infantil ainda estão desenvolvendo a
coordenação motora fina, já a
criança de seis anos que está iniciando o
1º ano do ensino fundamental apresenta maior controle da musculatura fina, no
entanto ainda a está desenvolvendo. A
letra de forma apresenta caracteres individuais, traços retos e menos curvas, portanto
é mais fácil para a criança escrever ,
sem necessidade de treinamentos enfadonhos
, como, cobrir e copiar várias vezes a letra. Já a letra cursiva necessita de maior
desenvolvimento da coordenação motora
fina, por ter mais curvas e uma letra se ligar a outra, sendo necessário
não tirar o lápis do papel. Esta
característica é importante, pois torna o registro da escrita mais rápido,
porém adequada para quem já possui os movimentos motores mais desenvolvidos e
deseja utilizar este tipo de letra para escrever com maior rapidez.
A letra de forma ou imprensa, também
apresenta maior uso social e a criança reconhece mais este tipo de letra,
tornando mais fácil e rápido o aprendizado da leitura e escrita alfabética e
ortográfica. Geralmente a criança já
reconhece a letra de forma maiúscula da Educação Infantil, pois geralmente as
professoras já fazem os telhadinhos com
nomes dos alunos com a letra de forma e
escrevem os textos coletivos com este tipo de letra.
No 1º ano , portanto é importante a professora continuar com o uso da
mesma letra utilizada na educação infantil, pois é uma letra que a criança já reconhece,
além de ter contato com esta letra em
vários suportes e meios sociais, como: outdoors, encartes de supermercados,
revistas, livros, jornais teclado do computador, do celular, embalagens,
rótulos, letreiros...
Geralmente, o uso da letra cursiva é mais restrito ao ensino fundamental I , pois os
professores\as do ensino fundamental II
e ensino médio não apresentam essa questão e exigência , apresentando muitos educadores\as que escrevem com a letra de
forma no quadro.
Não quer dizer que não é importante
que a criança conheça a letra cursiva,
pois esta ainda é utilizada , como: a escrita de um bilhete e como já disse por muitas
professoras do ensino fundamental I que não perceberam ainda o seu crescente desuso na sociedade , devido
ao maior uso do computador e vários outros
suportes textuais.
A letra cursiva poderá ser ensinada no
2º ano, quando a criança progredir para o nível alfabético de escrita.
Geralmente a criança com sete para oito anos já apresenta maior desenvolvimento motor fino, neste caso,
ela não necessitará ficar treinando a
letra cursiva até aprender a grafá-la, portanto é sugerido que a professora
escreva no quadro com os dois tipos de letras: cursiva e de forma, pareando-as
.
Existem crianças que desejam
escrever com a letra cursiva, devido à família ensinar em casa e por seu
prestígio social. As crianças dizem muitas vezes com orgulho que aprenderam a escrever com a “letra
de mão” ! Outras se recusam a escrever
com este tipo de letra, mesmo já estando alfabetizada e ainda existem aquelas
que apesar de estarem com sete, oito ou nove anos, ainda apresentam grande dificuldade motora fina,
sendo mais indicado deixá-la escrever com a letra de forma. O uso da letra
cursiva no processo de alfabetização
pode ser um grande entrave no avanço da aquisição da escrita alfabética e
ortográfica, trazendo consequências graves como o fracasso escolar. Segundo ferreiro, (apud nova escola, 1996, p. 11)
começar a alfabetização com letra bastão é uma tentativa de respeitar o
desenvolvimento visual e motor da criança.
As crianças no 1º ano progridem rapidamente para o nível alfabético , quando
escrevem com a letra de forma maiúscula. De acordo com o grande tempo de vivência que
tenho em turmas de 1º e 2º anos de
alfabetização, as crianças nos meses de abril e maio já escrevem pequenos
textos nos cartazes ( textos coletivos) e nas folhas individuais, o que não
seria possível se fosse utilizada a
letra de cursiva, pois estariam ainda treinando
letra por letra no mês de abril. Em maio a maioria da turma já progride para o
nível alfabético de escrita. As crianças
já produzem textos dos quais são as
autoras.
Elas participam da produção dos
textos coletivos com grande entusiasmo, não é enfadonho aprender a ler e escrever. É significativo, elas se veem como
participantes ativas no processo de alfabetização. As crianças se veem representadas,
pois suas produções textuais e desenhos estão na sala, suas histórias se
transformam em livros que elas levam para casa.
As atividades visam o aprendizado da leitura e da escrita, a fim de que
as crianças se tornem de fato, leitoras
e produtoras de textos e é não perdido o
pouco tempo que temos em sala de aula, com treinamentos que não implicam o real aprendizado da leitura e
escrita, pois se é necessário cobrir e
copiar várias vezes as letras .
A letra cursiva não respeita o estágio de desenvolvimento das
crianças de quatro, cinco e seis anos, segundo os estudos genéticos de Piaget ,
além de não estarmos atuar na zona de desenvolvimento proximal, segundo Vygotsky.
Portanto os argumentos de que a letra cursiva iniciada no processo de
alfabetização inicial melhora as conexões neurais, não se articula com os
estudos de Piaget e Vygotsky em relação ao desenvolvimento infantil, apesar de sabermos que cada criança
apresenta seu ritmo e observamos que
algumas apresentam um bom desenvolvimento motor fino com cinco e seis anos,
porém a maioria nessa idade ainda apresenta grande dificuldade para escrever
com a letra cursiva. Quando a criança escreve com a letra cursiva com sete anos ,
já não necessita cobrir e copiar
várias vezes a letra, pois já apresenta maior desenvolvimento da coordenação
motora fina, estamos atuando assim , na zona de desenvolvimento proximal, zona do desenvolvimento em que a criança
apresenta o potencial de realizar uma atividade com ajuda do outro, nesse caso
a mediação da professora mostrando como faz a letra cursiva.
A lei da melhor continuidade contra
indica o uso da letra cursiva no início da alfabetização, porque a melhor
continuidade que é a sua característica, emenda as letras, embola, mistura e
dificulta ao aluno descobrir onde acaba e termina a letra, portando torna difícil o
reconhecimento de uma letra por vez , não sendo apropriado para que a criança
progrida nas suas hipóteses de escrita, de acordo com a pesquisa psicogenética
de Emília Ferreiro, além de dificultar a leitura ,pois as ligaduras entre as
letras deformam a palavra, impedindo uma discriminação rápida para os alunos
iniciantes.
Nas turmas em que se utiliza a letra
de forma na alfabetização, há um uso social da escrita. As crianças escrevem para enviar um bilhete
para o colega ou a mãe, uma cartinha para o colega, uma receita para comer um
bolo. Um texto instrucional para fazer um
brinquedo. É muito mais significativo do
que ficarmos somente com atividades relacionadas aos sons das letras, memorização
mecânica de sílabas que se juntam e formam palavras com sílabas simples e depois frases e textos sem sentido somente
com as sílabas simples memorizadas, além do treinamento motor das letras.
Ao invés de perdermos grande parte
do tempo, com treinamentos de letra cursiva e outras atividades que não são
consideradas aprendizagem, mas apenas a repetição de sílabas, as professoras
podem utilizar o tempo com atividades que sejam muito mais prazerosas e
produtivas para as crianças e que desenvolvam a coordenação motora fina e
ampla, a atenção, a memória, a criatividade, as noções de posição,
discriminações visuais e auditivas, tais como: jogos e brincadeiras, recorte e colagem,
modelagem, pintura... Tornando essa
etapa tão importante do ensino fundamental, uma etapa encantadora , motivadora e prazerosa para a
criança.
O
objetivo da escola deve ser o de preparar cidadãos críticos capazes de
transformar a realidade para melhor, a proposta de alfabetização deve
naturalmente adequar-se às exigências da realidade atual. Realidade esta, em
que a letra bastão esta presente em todos os momentos da vida de uma criança.
O mais importante é saber fazer o uso social da leitura e
escrita. Utilizá-la para se comunicar,
registrar o seu pensamento em forma de
produção de texto, ler como forma de prazer , para se informar
e saber interpretar e produzir os diversos gêneros textuais.
Karla Cristina C. Gaudencio
Exemplo de lei da melhor continuidade
A melhor continuidade emenda
Fonte: " Livro Alfabetização Natural ". Autora: Gilda Rizzo.
Considerada uma questão bastante complicada e duvidosa, muitos professores não sabem que tipo de letra utilizar para alfabetizar de forma mais eficaz:, bastão ou cursiva? Veja, um quadro descritivo das características das letras cursivas e bastão.
RIZZO, Gilda, 1937, Alfabetização
Natural. -3ª ed. – Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
Exemplos de escrita de alunos no 1º ano com a letra de imprensa maiúscula.
Lavínia
Letícia
Maria Eduarda/ 1º ano/2017
Maria Eduarda 2º ano/ fevereiro /2018
silábico com valor sonoro de algumas vogais
Natan
1º ano /Fevereiro/2017
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